quinta-feira, 26 de junho de 2008

A negra experiência da transmutação

O seguinte texto não é meu. Foi escrito por aquele que hoje é com certeza o meu amigo mais próximo. Em um sentido de amizade que poucas vezes antes experimentei. Resolvi por postá-lo nesse blog por estar em uma estreita sintonia com aquilo que quis passar em outros textos, mas não conseguiria tocar de forma tão visceral.









"Everybody is a book of blood; wherever we're opened, we're red."


(Books of Blood, Clive Barker)


A negra experiência da transmutação.


O olhar que não se fixa e se perde na imensidão do vazio, um espírito que não descansa, a obra em sua plena negridão, o sussurro soturno, a decapitação, o seu leito de morte, um espelho que reflete sua putrefação.


O desespero está reprimido em cada gesto enganoso, está escondido além de cada face, o medo está encoberto por sorrisos falsos e angustias dissimuladas. Suas verdades não passam de falsificações, suas verdades são ilusórias, você é uma carcaça aparente, pérfida, hipócrita e frágil.


Como marionetes para um objetivo maior, criem para os seus próprios centros, construam, desconstruam, atuem, existam, sejam para o mundo, e sejam escravos de si mesmos, em seguida, eliminem-se.


Esse é o sentido de cada indivíduo?


Crie o herói, crie o seu mito, crie sua jornada, crie o seu vilão e exista dentro do seu escarnecido mundo imaginário, continue usando sua máscara da vontade para o rebanho, exista dentro do seu sonho lícito, ético e moral, ou dentro da sua falsa transgressão, misantropia e crueldade cinematográfica, continue, porém quando despertar, acredite humano, a realidade do abate será dolorosa.


Sua vida é uma perseguição perpetrada pela morte, sua existência é uma perseguição perpetrada pelo medo, esquartejado pela realidade,você se esconde, se esconde e se frustra indubitavelmente, teme o final da jornada, teme o sentido da conduta...

O final da jornada? O sentido da conduta?


É o abismo pasmado em que se cai, é o vórtice da agonia, é o cárcere onde carne é rompida, os músculos são dilacerados e a subversão é convertida em horror...


Seu cadáver será depositado em uma gaveta, seus atos serão autopsiados, definitivamente, esse é o seu valor, como na obra alquímica o metal impuro se transmutou ao ouro, sua falsa existência, se transmutará ao pó.


Escrito por Nigredo (Nehaher)

0 comentários: