sábado, 21 de junho de 2008

É o Tempo quem constrói as ruinas


Dias e noites que não passam. Dias e noites que se vão com tanta velocidade. Momentos fugazes de felicidade. Horas torturantes intermináveis. Pois que do que nos é tão agradável, nos é tirado com tanta sofreguidão e aquilo que não desejamos, nos toma como que por séculos. A alegria e o que nos é agradável se esvaem. O que não suportamos parece não ter fim. O ritmo do relógio implacável consumindo e deixando-nos, os anos que se vão e não voltam. Quando começamos a perceber melhor os ritmos da vida, é quando parece que não teremos tanto ainda para desfrutar. A cada ano a velocidade é maior. A cada crise o termino parece não chegar nunca. E quando entendemos o que temos nada mais é como se foi. Foi-se, deixou-nos, não faz mais sentido. A descoberta de nossos sentidos parecem sempre vir quando não é mais necessário. E tudo que tivemos já se foi. Amanhã é outro dia, ontem já se foi. Tropeçamos nas horas, andamos sobre elas olhando o mundo por baixo. Nunca chegamos ao topo da montanha, que cada vez mais parece distante. Ali em cima, o cume que temos tão pouco Tempo para conquistar.

Esquecemos de nós mesmos enquanto somos consumidos pelo passar das horas. Não tentamos olhar para o que se movimenta diante de nossos olhos. Tudo mudando lentamente, como se não parasse nunca. O movimento de cada instante que se foi e o que virá sem razão de ser e de nos percebermos diante do cavalgar incessante. A água que passa nos rios, que não voltará ali jamais. Aquilo que perdemos e que não tem volta. Aquela necessidade de termos vivido melhor, de termos aproveitado ao máximo o que não teremos nunca mais novamente. O que houve no ano passado, que se torna ano retrasado, que se torna na década passada. Tudo se esvai cada vez mais rapidamente. O espelho que não nega que já não somos mais, que não seremos novamente, que mudamos nitidamente se nos observamos a cada nova ruga e a cada cabelo branco, eternamente nos poucos anos que temos para fazer tanto. O tanto que sempre quisemos ter e o pouco que nos foi permitido. O tanto que conquistamos e as vitórias maravilhosas que vieram e o até onde podemos chegar. Ainda conquistaremos? Estamos perdendo? Perderemos? Chegaremos ao ponto onde podemos? Teremos Tempo para tanto?

O que aprendemos a cada ano, que se renova nas esperanças do próximo período. O desejo da eternidade. O medo do futuro. A insegurança com o passar dos dias. Aquilo que irá vir, inadiável, que tanto tentamos evitar. A agressão das horas para o que é inevitável. A tentativa de parar mundo para que não aconteça o que está programado e é inevitável. A sensação de que o reinado que temos irá terminar. A Morte que cavalga nos mares dos ponteiros implacáveis, esperando nosso instante final chegar. A inevitabilidade, a vulnerabilidade, o incessante, o impossível de se deter. É a luta contra aquele que a tudo consome. Impossível de ser domado. Não há como parar, interferir. O que há de ser, virá. Nosso final está traçado ao golpe da foice implacável. Todo o resto é incerto, impossível de se prever, de sabermos se os oráculos estão corretos. Sofremos a cada noite mal dormida, orando por mais. Sofremos a cada instante, por seu final. Que cesse logo, que venha antes, que aconteça. Que alcancemos logo, nos entregando a ansiedade pelo que é nosso e bom e que acontecerá. Ficamos ansiosos pelo que não ocorre nunca. Pelo que está as nossas portas de ocorrer e não podemos evitar. Medo do que virá. Insegurança. O passar lento. A velocidade que nos devora. A lentidão que nos mastiga. A mente que dispara, o descontrole perante momentos infindos, fugazes, o que aconteceu e não há mais como mudar. O momento que marcou-nos para o sempre, pensado e remoído por dias e dias e dias. Os anos passam e aquele segundo crucial que está preso em nossos devaneios infindos. O Tempo e a Mente. O Tempo e a Loucura.

Apenas mais alguns minutos para podermos respirar. Rápidos e já se foram. Não foram o suficiente. A nossa velocidade que nos deixa com liberdade pelo resto de um período. Aproveitamos nossas horas. Economizamos para todas as atividades. Até planejamos o que fazer. Temos sempre de utilizar a inteligência para não deixar nada de lado. Para não perdermos o nosso Tempo. Sempre atentos a Ele. Ou Ele nos faz lembrar o que perdemos. O que ceifou e não teremos mais.

Ele que controla nossos ritos de passagem. Que nos torna adolescentes. Que nos torna adultos. Que nos torna maduros. Que nos trás a velhice. Que ajuda a criar nosso ego, no momento certo em que a idade nos joga rumo ao mundo. O tempo em que já somos grandinhos o suficiente. O momento em que aprendemos a dizer sim a todos. O instante precioso em que aprendemos a dizer não a todos que nos cercam. Aprendendo e sempre estando atento a Ele. O Tempo não para, não dá outra chance. Mesmo outra chance, é outro evento com todos os seus elementos próprios. O que se foi tornou-se memória e foi guardado em nosso corpo. Desapareceu em nós. É o Tempo quem trás de volta, dos submundos de nossas profundezas de nosso esquecimento. O Tempo consome, mas não esquece. O Tempo leva tudo embora e trás todo o esquecimento. Os anos que passam, o que se foi, nos deixou, desapareceu, não existe mais, nunca houve. No Tempo certo, tudo vem à tona novamente.

Aqueles que nos deixaram, faleceram, não estão aqui. Aqueles novos que aparecem. Nosso alvorecer, nosso entardecer. Tudo tem significado perante o quão curta é nossa existência. Que devemos olhar, perceber, economizar, cristalizar, amadurecer, abandonar, deixar pronto para renascer. Parir-se constantemente, a cada ciclo novo, em que nos unimos totalmente, em que tudo está circulando e pronto para os novos instantes a serem construídos, estruturados. E para novamente olhar, perceber, economizar, cristalizar, amadurecer, abandonar, deixar pronto para renascer. Os ciclos são eternos, nós somos a sua manifestação. Somos neles manifestados, somos os próprios ciclos incessantes. Somos quem somos nos ciclos.

A dualidade do Tempo. Um tic e um tac. De um dual ao outro. De uma ponta a outra. De cá, até lá. O Velho, o Jovem. O Jovem, o Velho. O Velho ensina o Jovem. O Jovem ensina o Velho. O Jovem se torna Velho.O Velho se torna Jovem. Ambos um só. Duas idades, duas faces do Tempo, uma olhando para cada lado. Nossas dualidades expostas com os anos. Os anos expostos em nós. Em nossos rostos, em tudo que somos, em tudo que fomos, em tudo que seremos. Em nossa memória, em nosso esquecimento. No misto do que sabemos de nós, misto do lembrar e do olvidar. O amalgama do controle e a da disciplina que as horas nos impõem, com o descontrole que nos perdemos sem nos percebermos no Tempo.

O que se passa nos faz lembrar o último ciclo, a ultima transformação, o último esquecimento. Ainda lembro quando era aquela criança que hoje vive em mim, mas não é o que sou. Fui muitas coisas durante muitos períodos. Deixei de ser tantas outras em tantos outros movimentos. A história da vida de cada um se traduz em diversas histórias de diversos seres que viveram em diversos tempos diferentes. Um dialoga com o outro por memórias, por sentimentos, por estar novamente lá ouvindo determinada música, sentindo determinado cheiro, passando em determinado local, vendo determinada fotografia, sentindo determinada sensação, vendo determinado rosto parecido, com determinado atavismo que trás tudo de volta. É estar lá novamente e ser novamente quem se era, mesmo que o corpo não seja mais o mesmo. É lembrar do que houve da forma como vemos hoje, diferente de como vimos ontem. Mudar o passado com as percepções de agora, ou de não aceitar mais como foi exatamente, ou simplesmente não lembrar corretamente.

Todas as histórias de minha vida se conectam em uma costura que cria uma teia, como um tecido enorme que se relaciona com o tudo que houve e que existe agora. Tudo culmina no presente que é fugaz e é uma história atual que será vivida e terá outros nuances num futuro incerto. Funciona de formas imperceptíveis quando não temos a percepção correta do Tempo, nem de quem somos. É um colorido novo a cada lembrança. Um mudança aqui, outra ali. Uma interpretação sendo criada e recriada quanto mais sabemos da vida, quanto mais temos maturidade, quanto mais sabemos quem somos realmente.

Nosso passado é aquilo que temos de valorizar. Mas muda constantemente. Pois a cada olhar ali, já mudou, se mesclou e foi devorado, digerido e regurgitado pelo Tempo sempre insaciável. Devora nossas crianças, devora a quem somos, nos vela, nos leva ao seu estômago, onde somos regerados, passamos por nova gestação e vivemos renascendo, mesmo sem perceber. Mesmo sendo um leve voltar, mas sempre a um novo ciclo. Somos e não somos. O que fomos não mais somos e viremos a ser outros em pouco tempo. Assim, sempre será. Sempre será. Sempre será.

No enorme mecanismo do mundo, o enorme relógio que é o mecanismo de todas as coisas. Esse que funciona nos levando entre as engrenagens, nos fazendo funcionar como máquinas que não se olham. Apenas nos encaixamos no movimento mecânico e implacável.

O ego que ganhamos é parte desse mecanismo. É intrínseco a ele. Na idade certa fomos entregues a enorme roda que dá o tic-tac a sociedade. No instante certo, o Self pode nos chamar. O momento exato, o Tempo Correto. Um dia, em nosso alvorecer, confiamos que deveríamos ter uma máscara ajustada na face, colocada com precisão automatizada. A máscara que se ajustou em todos os mecanismos de nossa composição, maravilhosamente desenhada e com moderníssima engenharia. Encaixados nos motores da família, onde produzimos o que podemos em nome do bom funcionamento da máquina mater da sociedade. A tradição familiar nos colocou perante a operante sociedade, sempre sendo ajustada por todos os lados, pois nunca é perfeita e sempre precisa de reparos. Mecânicos que criticam seus defeitos e lutam para ajustar seus mecanismos com o funcionamento total. Técnicos que mantém o enorme funcionamento sem paradas preventivas. A imperfeita sociedade que funciona corretamente, nos absorvendo em totalidade. Somos essenciais para seu funcionamento. Mas somos descartados com facilidade.

A célula mater da sociedade

Nossa máscara é o elemento conectivo com o sistema principal. Sem ela, não podemos colaborar com o seu crescimento e melhorias. A máscara que foi esculpida pelos ventos intempestivos do Tempo. Nossas melhorias só vêm com o desenvolvimento do elemento mantenedor da máscara: O ego. Sem ele, o mecanismo não faz sentido. Pára de funcionar facilmente. Pois é o ego que é ligado em nossas baterias, transmitindo nossa energia psíquica para o grande todo que funciona com inegável perfeição. Por mais imperfeita que pareça a sociedade, sua eficiência é implacável. Se assim não o fosse, as mascaras cairiam das faces sozinhas. E todos estariam desconectados do sistema que nos faz sermos apenas e tão somente, condutores de energia, gastando nossas baterias com o que não interessa. Devotados apenas ao enorme e devorador mecanismo.

Um dia, lá atrás, aqueles que nos nutrem quando frágeis, nos ensinaram que devemos nos conectar. Que a vida fora do enorme e imperfeito mundo é impossível. Que podemos melhorar o seu funcionamento, nos dedicando, sendo responsáveis, bons, educados e civilizados. A máscara é colocada no rosto, os cabos colocados nos conectores universais. O nome disso é domesticação. É um mal necessário, conforme dizem, pois não podemos viver por nós mesmos, nem pensar por nós mesmos. O nome daquilo que nos ajusta ao geral, nos colocando prontos para girar com os mecanismos, se chama educação. Depois procuramos nos adaptar e ter sucesso em ser um bom mecanismo. Somos falsos conosco e com tudo que nos cerca. Afinal, a máscara é só um elemento de condução de energia e de controle remoto de nossas engrenagens. Somos cada vez mais mecanizados, perdendo a noção da liberdade e nos inserindo numa teia de relações energéticas, de desejos, sentimentos e emoções que nos dominam e apagam qualquer forma de procura por sair desse movimento insano.

Mas o Tempo é implacável com a Máquina enorme do mundo. Vai desgastando as engrenagens. Mostrando que não somos eternos e que nosso funcionamento é sempre imperfeito. Aquele que nos deu um ego em formação, que vai gerar máscaras conectoras com a alienação, é quem a retira de nossa cara com violência no movimento implacável de sua Foice feita de seixo vindo do seio de Gaia. Ao pó retornaremos. A enorme máquina funciona muito bem sem nós. Tudo segue seu curso como se nunca houvéssemos existido. Não somos necessários a sociedade. Se fossemos, seriamos eternos. Se a sociedade nos fosse necessária, não nos obrigaria a deixar tudo o que temos em nome do coletivo.

Os anos passam e vemos o quanto fomos dilacerados com enorme violência. A cada década, algo nos é retirado. Parte de nossa vitalidade, de nossas crenças, de nossas dúvidas, do que sonhamos ser. Os sonhos nos devoram ao nos deixarem e irem para as cavernas dos pesadelos. As catarses começam. Nunca param. A angústia, seus ciclos que vem e vão. As respostas que não temos de nós. A dependência de crermos em algo. A imaginação do nosso contato com o divino.

Imaginamos o que cremos. Cremos em nossa imaginação. O Tic Tac nos deixa mais maduros e nos coloca na busca. Ou ofusca nossos olhos e devora nossas esperanças. O medo trás de volta a crença quando sentimos o fim. Quando estamos em crise. Nunca quando temos de procurar sempre e a cada momento. A pústula que cresce em nosso interior, corroendo-nos por trás da máscara é cada vez mais forte. Não há fim para sua insaciedade. Os anos passam e nada resolve. Os anos passam e as oportunidades se vão. Os anos passam e passamos com eles. Deixamos partes nossas no caminho. Nunca paramos para recuperar os cacos. Nunca, de forma alguma, paramos para pensar no caminho que se foi ou como esse foi. Não conhecemos a quem somos. Não fazemos sentido perante o que acontece e nunca pára. Não conseguimos nos centrar conectados em um mecanismo que nos devora. E lutamos para manter as máscaras no rosto, sem nunca transgredi-las. Sempre devotos de suas formas e seus enfeites. Mostramos aos outros o pouco que conseguimos. Choramos nossos mortos. Choramos a nossa morte a cada instante.

Esse é o passar dos dias. A luta para nos tornamos mais velhos. A luta para nos tornarmos mais novos. A luta contra a tenra idade. A luta contra a idade avançada. A luta para termos mais tempo. A luta para que o tempo passe mais rápido. A violência dos mecanismos do mundo. O relógio implacável, a sociedade mecanizada e dominadora, nossa sistematização e perda inconseqüente de consciência, percepção, visão, fenômeno de Si Mesmo. Não ouvimos nossas vozes reais. Apenas as pústulas das feridas imortais que criamos em nós e transmitimos a nossos filhos, educados para seguirem em nossa miséria geracional.

Um dia o Self é ouvido e se derrama pelo corpo. Preenche nossas lacunas, o vazio interior. O interior deixa de ser um local insondável, um portador de vozes dementes. Tudo se une, nasce outro ser, parido do fim do desespero sem sentido. Focado em outras formas, outras percepções, outras loucuras divinas, na embriagues sagrada. Olha a tudo e vê sentido em tudo. Na falácia do mundo, na sua podridão, na sua ilusão. Vencemos a própria ilusão, o castelo que criamos para nos alimentar quando olhamos a máquina dos desejos da sociedade. Não precisamos mais do ego para nos compensar perante o todo. Não precisamos mais de papéis, não temos mais auto-importância. Somos relativos a nós e nada mais. Nossas necessidades são apenas nossas, de ninguém mais. Não nos são mais impostas, podemos escolher o que queremos. Lembramos o que queremos realmente. Do que gostamos, do que admiramos, do que faz sentido para apenas nós e ninguém mais. Estar só basta. Estar por si basta. Ser basta.

E somos. E nos esbaldamos.

E então, olhamos para o futuro. E vemos que apenas começamos. Até iremos com o Tempo que nos resta?

O Tempo é implacável.

Porém, estamos agora unificados.

Um só passado. Uma só vida. Não antes e depois. Não diversos ciclos. Os sentidos se fazem, as percepções são plenas, pois estamos diante de quem somos. Entendemos a fina linha que vai de um ciclo a outro. De uma vida que tivemos a outra. De um momento com todos seus elementos, para o próximo. É o fim das ilusões. É o inicio. Apenas o início. Um nascimento, mas ligado a todos os outros. O recriar de si mesmo, através do Self.

O Tempo faz sentido.

E nos pergunta: Qual é o nosso objetivo?

Nunca antes tanta disciplina. Estamos agora centrados. No centro do caminho do eterno vir a Ser.



Quem foge da vida com medo da velhice, encontra invariavelmente a mesma foice.

5 comentários:

Fernanda Rodrigues Barros disse...

Abraxas!!!!! Este texto que me soa como uma crônica-conto, tem algo bem peculiar: a forma simples de não dizer e sim de citar. As relações são todas feitas por quem lê. E como dizia Clarice "sinta quem lê". Ah.. o tempo... alguns jogam "fora a casca dourada das horas" outros a aproveitam, mas não como deveriam, deixando muitas vezes de perder tempo ao não perder tempo! Engraçado.. quando comecei a ler o post, estava escutando "whatever u want" e fiz algumas relações: *é fato que o tempo usa sua foice independentemente de nossas vãs vontades; *o que queremos ou não decide somente o ato presente, mas traz revelações para os atos futuros; *como vc bem escreveu "as águas de um rio nunca são as mesmas", aproveitar é o que nos resta.. mesmo que não seja aquele momento tão acalentado em nossas quimeras! Carrego uma filosofia que alguns até consideram pessimista, mas que eu considero somente cética: espero sempre pelo pior, assim se o melhor ocorrer saio ganhando e se realmente o pior vier, já estarei esperando e assim dou uma rasteira nas frustrações!

Ainda com tanto a acrescentar e a comentar, finalizo (mesmo não querendo...rsrs) falando sobre a frase do fim... eu diria mais... quem foge da velhice, renega o que poderá ser, mas que provavelmente não será pelo fato de estar tão preocupado em não ter cãs! Que venha a maturidade e assim que nossas taças de encham com o néctar do conhecimento!

Moranguinho disse...

"A célula mater da sociedade"...
As máscaras de Dionísio?

Marcelo Brasil disse...

Fernanda,

fico feliz de que esse texto a tenha tocado de forma tão inspiradora.

Marcelo Brasil disse...

Moranguinho,

no caso, "célula mater da sociedade" se refere à família. É essa que inicialmente no coloca nos jogos das máscaras.

Fernanda Rodrigues Barros disse...

Abraxas, voltando aqui na mesma postagem, pois meus comentários sobre a mesma ainda não findaram! Sobre as máscaras... realmente a família é o instrumento de manipulação de mentes oriundas dela. Até porque a questão de adaptar-se começa exatamente nesse meio, no local onde tudo começa, de onde partimos para outros convívios sociais. E como saímos de casa com essas máscaras, permanecemos com elas ou ainda colocamos mais outras para encobrir o que somos, pois geralmente o que somos não é a imagem que serve para os grupos nos quais queremos ser aceitos. Mas daí vem a pergunta: DEVEMOS PARTICIPAR DE UM GRUPO QUE SOMENTE NOS ADMITE SE NOS RENEGARMOS? Lógico que a resposta é não e muitos ou a maioria de nós concorda. No entanto, a maioria também, apesar de dizer o contrário, se dobra, aceita a imposição e muda em prol de companhias que muitas vezes acabam nos decepcionando a curto prazo. E isso não teria como ser diferente, já que se não existe cumplicidade e aceitação do que cada um é, então, o que existe não é amizade e sim um contrato bizarro que priva somente por estar acompanhado, seja de quem for, desde que haja palavras (mesmo que desprovidas de sentimentos, de veracidade...), pois o que parece valer é o não sentir-se sozinho, muito embora isso ocorra com muitas pessoas inclusive quando estão cercadas por um turbilhão humano! Depois de tudo isso... será que realmente vale a pena continuar com as máscaras? O que de fato somos nos incomoda tanto? E nos incomoda porque crescemos sendo preenchidos com essa idéia? Aprendemos a nos renegar? Então, temos de aprender a nos aceitar. Sem máscaras. Sem receios. Só assim, estaremos abrindo a porta para o autoconhecimento, pois não podemos conhecer nada que negamos ser... tanto ainda a dizer... a volta é certa!

Até!