quarta-feira, 4 de junho de 2008

Nunca espere nada de ninguém: Apenas conheça

A descoberta de novos estados perceptivos



Esperar é projetar. É criar no outro algo que deva ser, que deva fazer, algo que queremos desse outro. Esperar é projetar algo que existe em mim para o outro.

Nunca espere nada de ninguém.

Conheça esse alguém.

Conhecer o outro é necessidade fundamental. Conhecer o outro é ver o outro como esse é, sem misturarmos o que somos nessa percepção. Não é possível olhar para algo com lentes que refletem. Tudo que olhamos fora é impossível sem o olhar dentro. A dupla espiral. Quando mais profundamente vamos dentro da viagem de nossa espiral, mais podemos alcançar com a espiral que ruma além de nós.

Se não sei quem sou, não sei quem é.

Conhecer a si mesmo parte de uma técnica simples. Conhecer o que não somos. Saber o que não faz parte. Retirar as cascas. Esquecer o antes em nome de novo depois. O depois que é o agora. A simples e complexa realidade: Quem realmente somos, sem máscaras, reflexos, absorções, sem nada além. Com exatamente tudo que devemos saber.

Conhecer a si realmente é restabelecer o fluxo. Entrar nos caminhos interiores que nos ligam a todos os caminhos. Conexão. Ir além do pessoal. Estar no pessoal e irrestrito. Sem nada a bloquear.

Retirar a máscara é encontrar algo mais. Algo mais a ser vencido. Tudo aquilo que a máscara escondia. Todas as feridas, marcas, dores, incompreensões, elementos reprimidos, dolorosos, sabotadores.

Enquanto o ego está no controle, as vozes e o próprio ego dominam a consciência. Porém, não controlam. Estamos na deriva de quem somos para o todo dos egos. Não conhecemos nossos verdadeiros desejos. Nem nossos verdadeiros gostos. Nem tão pouco, fazemos o que queremos. Não controlamos a nossa própria expressão. Somos apenas folhas espalhadas pelo vento, sem rumo, sem objetivos reais, sem clareza, sem conhecer todas as nossas potencialidades.

Marcados pelo passado, atormentados pelo futuro. Negamos a ambos, procuramos apenas o presente, tentamos respirar em meio a uma angústia intermitente e imprevisível. Procuramos segurança, a aquilo que a sociedade diz que é seguro, que é belo, que inteligente, que é inteligível, que é espiritual, que devamos seguir e nos dedicar. Uma vida ligada a desejos materiais, controlada por uma moral coletiva.

Não conseguimos enxergar até onde podemos ir, nem saber nada sobre nós, ou os outros totalmente. O ego nubla toda possibilidade de liberdade. Cedemos ao grande mecanismo de controle, somos tolhidos, estruturados, educados, domesticados.

Tudo que represente percepção real é desacreditado, suspeito. E com as cascas, as vozes e o ego, não conseguimos de forma alguma transcender para as formas de percepção que nos levarão a quem somos e além disso. Não conseguimos transcender a nós mesmos. Somos nada, somos um pedaço.

Quando a máscara cai, novas formas de percepção surgem. Novos filamentos que nos ligam a instrumentos novos, elementos novos. O que chamamos de realidade, desaparece. A compreensão aumenta, a percepção se altera.

Um novo estado de consciência. Um novo ser.

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